O mal do século foi um sentimento coletivo que marcou profundamente a juventude europeia do século XIX, especialmente no contexto do Romantismo. A expressão, usada como um tópico literário, descreve a crise de crenças e valores que surgiu após o declínio da confiança absoluta no racionalismo iluminista. Nesse período, muitos jovens e escritores perceberam que a razão, por si só, não oferecia respostas suficientes para questões emocionais, espirituais e existenciais, o que abriu espaço para um clima de desalento e questionamento interior.
Esse fenômeno manifestava-se como uma mistura de melancolia, tédio, desencanto e sensação de inutilidade, sentimentos que pareciam invadir a vida cotidiana e a produção artística. Era como se houvesse um vazio existencial difícil de preencher, levando muitos a enxergarem a própria existência como fútil ou sem propósito. Um dos exemplos mais emblemáticos desse estado de espírito é o personagem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe. O impacto dessa obra foi tão grande que o mal do século também passou a ser chamado de Mal de Werther, simbolizando a intensidade emocional e o sofrimento interno característicos desse período.
Na literatura, esse clima favoreceu o surgimento de figuras marcadas por comportamentos autodestrutivos, personalidades atormentadas e temas ligados ao obscuro e ao mórbido. Tanto a literatura romântica quanto a ficção gótica abraçaram esses elementos, dando vida aos famosos anti-heróis, personagens que desafiavam padrões de virtude e heroísmo tradicionais. Assim, o mal do século não foi apenas um sentimento histórico, mas também uma força estética que ajudou a moldar a cultura literária e emocional de toda uma geração.
