Na próxima segunda-feira, 24, completam-se 13 anos de um dos dias mais tristes da história de Jussiape, na Bahia. A série de ataques ocorrida em 24 de novembro de 2012 deixou três mortos, três feridos e legou à população paradigmas que ainda exigem lucidez para serem enfrentados.
O 24 de Novembro foi tema do meu artigo científico, fruto de uma pesquisa desenvolvida entre 2012 e 2013, durante o curso de pós-graduação em Comunicação no Instituto Juvêncio Terra. O estudo, que analisa como a imprensa tratou a tragédia, abre também espaço para refletir sobre o trauma coletivo que se consolidou a partir daquele dia — e sobre a necessidade de superá-lo sem jamais esquecê-lo.
A crônica desta semana recupera parte do que escrevi nas semanas seguintes à tragédia. Talvez o ponto mais importante seja o alerta para uma postura desatenta, movida pelo senso comum, que insiste em apagar o ocorrido na esperança de aliviar o sofrimento deixado pelas perdas daquele dia.
O aforismo segundo o qual quem não lembra do passado está condenado a repeti-lo ajuda a ilustrar o risco do apagamento do 24 de Novembro, que não é apenas questionável, mas ineficaz. O esforço deliberado de silenciar fatos dolorosos do passado raramente serve para combater ideias desumanas, tampouco para reduzir a dor.
Não podemos tratar as pessoas como incapazes de formular conclusões próprias sobre os fatos e, justamente por isso, não devemos excluir ninguém do debate acerca dos acontecimentos históricos.
Cabe ao jornalismo o papel ─ ingrato porém indispensável ─ de lidar com o que a sociedade preferiria não encarar, por mais incômodos que sejam os fatos.
A tragédia, enquanto acontecimento factual, exige cuidado e respeito. Não podemos, de modo algum, ignorá-la, pois a humanidade precisa estar sempre atenta à própria capacidade destrutiva.
Boa reflexão — e até a próxima!
Um abraço,
Will Assunção
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