O ano era 2000 e o Linha Direta, extinto programa da TV Globo exibido nas noites de quinta-feira, levava ao telespectador de todo o Brasil crimes hediondos e casos horripilantes. Em Jussiape, surgiram boatos sobre a aparição de um homem que se alimentava de sangue, envolto em mistérios, possivelmente o mesmo predador notívago do programa apresentado pelo jornalista Marcelo Rezende.
Entre os diversos relatos, havia um que dizia que o vampiro havia tentado atacar crianças e idosas em áreas rurais do município, e que uma vítima da criatura teria sido levada ao hospital da cidade mais próxima, após perder muito sangue. Como a imprensa mal cobria os fatos em uma região pouco notada da Chapada Diamantina, ficava difícil checar a veracidade de tudo o que se ouvia.
O certo é que o pavor se espalhou entre a população e o boato ganhou pernas. Cartazes estampados com o retrato falado do vampiro foram espalhados pela cidade, inclusive nas escolas e em outros órgãos da administração pública, e uma força policial começou a averiguar o caso no local. Na época, diferentes versões surgiram. Uma delas contava que, desde criança, Benedito Gomes Rodrigues, então foragido da polícia, costumava se alimentar do sangue das galinhas que sua mãe criava no quintal da casa onde vivia. Outra versão mais sombria dizia que ele havia perdido a mãe ainda criança e que seu pai, alcoólatra e portador de esquizofrenia, ofereceu-o ao Diabo em um ritual. Na internet, é possível encontrar mais histórias envolvendo o suposto vampiro.
No entanto, não há comprovação, segundo a polícia, de que ele teria realmente andado por Jussiape. Sua idade era incerta, mas possivelmente ele era um idoso com mais de 60 anos e havia fugido do Manicômio Judiciário de Franco da Rocha (SP) em 1991.
Portador de encefalopatia, doença mental causada pela falta de oxigenação no cérebro, Benedito bebia o sangue de suas vítimas, de acordo com relatos policiais. O vampiro que cruzou o país e ganhou fama de ser um mestre dos disfarces, levando as pessoas a acreditarem que ele poderia desaparecer e aparecer, como quem possuísse poderes além da nossa compreensão, utilizava nomes falsos e fez vítimas nos estados de Goiás, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Benedito foi detido em 1967. Dois anos depois, foi internado no Manicômio Judiciário de Franco da Rocha, em São Paulo, mas acabou fugindo em 27 de junho de 1991, e nunca mais se ouviu falar dele.
