Coronéis se inspirarem nos faraós egípcios para construírem seus túmulos e perpetuarem sua memória nas futuras gerações ─ Foto Will Assunção/WA
O Cemitério Bizantino de Mucugê, na Chapada Diamantina, na Bahia, revela aos visitantes o episódio da epidemia de cólera que assolou a população com um número elevado de mortes no século 19. O acesso ao local é fácil, já que fica situado na cidade, a poucos metros do centro histórico, e é gratuito. À noite, os túmulos ganham uma iluminação que confere ao ambiente uma aura mística.
Quem busca entender a história de Mucugê, vai se deparar com um decreto do Brasil imperial que não permitia mais que pessoas fossem enterradas nas igrejas. A partir dessa decisão, baseada em critérios de higiene pública e também no surgimento dos primeiros cemitérios, muitos tiveram de optar por outros espaços para o descanso eterno. Alguns encontraram a oportunidade de erguer seus mausoléus nas novas necrópoles. Túmulos inspirados em templos católicos medievais passaram a ser projetados na encosta do morro.
Cemitério Bizantino de Mucugê guarda história da epidemia de cólera do século 19 ─ Foto Will Assunção/WA
Para compreender essa prática, é necessário levar em consideração o contexto da época. Ser enterrado na igreja era um sinal de privilégio e demonstração de intimidade com a fé católica. Comumente, as pessoas de prestígio social tinham seus restos mortais depositados dentro desses locais, pois se acreditava que, por estar em solo sagrado, havia a garantia de um lugar no Céu.
No apogeu do garimpo nas Lavras Diamantinas, entre os séculos 18 e 19, os coronéis esbanjavam riquezas. A bonança do diamante era tamanha que passou a ser comum, em Mucugê, os mais abastados se inspirarem em faraós egípcios e desejarem se perpetuar para desfrutar da glória na eternidade. Alguns chegaram a contratar arquitetos vindos da Europa para projetar seus túmulos.
Coronéis se inspirarem nos faraós egípcios para construírem seus túmulos e perpetuarem sua memória nas futuras gerações ─ Foto Will Assunção/WA
A explicação mais plausível é a de que a denominação “bizantino” tenha vindo da semelhança com as cúpulas brancas do Mar Egeu, construídas durante o Império Bizantino, nos séculos 10 e 11. Uma curiosidade notada por quem visita o local é que a maioria dos túmulos é rasa. O cemitério foi construído em uma montanha rochosa e, por isso, não é possível enterrar ninguém abaixo dos sete palmos.
Atualmente, o Cemitério Santa Isabel, mais conhecido como Cemitério Bizantino de Mucugê, preserva sua arquitetura original. É tombado como um dos patrimônios históricos mais imponentes da Chapada Diamantina e se tornou um destino turístico muito procurado.
