As cores do grafite do Parque do Ibirapuera em SP




Grafite colore paredes do Parque do Ibirapuera em SP ─ Foto: Will Assunção/WA

Já faz algum tempo que a arte de rua ganhou as galerias de museus, espaços culturais e parques mundo afora. E ao encabeçar a lista de megacidades do mundo, oscilando entre a terceira e a sétima posição, São Paulo, como uma megalópole brasileira, não podia se eximir de se tornar um cenário propício para ostentar essa típica manifestação artística urbana.

Comum em grandes centros urbanos, o colorido do grafite tomou o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e já incorporou o imaginário coletivo. No Ibira, apelido conferido pelos frequentadores ao parque, o movimento dos skatistas e transeuntes se mistura às cores e aos traços dos artistas.

As obras que colorem a Pauliceia, geralmente e quase sempre, têm uma mensagem de cunho social, alerta e crítica voraz aos desequilíbrios da humanidade, como a aparente apatia crônica e o desleixo dos políticos com a população. Essa vocação de protesto está na raiz do grafitti, nascida na Roma antiga, onde se escrevia palavras de ordem em carvão nas paredes.

Apesar de nos depararmos sempre com grafites de todas as formas e cores pela janela do ônibus, nas estações de metrô, quase nunca temos a oportunidade de observar de perto e com calma esse tipo de arte tão presente no nosso cotidiano. É através dele que descobrimos outros universos, repletos de significados, em uma cidade onde os tons de cinza são predominantes.




Skatista no Parque do Ibirapuera, em São Paulo ─ Foto: Will Assunção/WA

Para os frequentadores do parque, os grafites são uma oportunidade de os artistas mostrarem ao público trabalhos que muitas vezes se perdem pelos concretos da cidade. “Eu acho super bacana os grafites pelo fato de um artista mostrar o trampo de uma forma tão bonita de expressão”, disse David Lima, entusiasta do skate como esporte.

Rafael Shouz, estudante de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo (USP), expõe como o grafite brasileiro é admirado em outros países. “Os Gêmeos são um dos maiores representantes desse estilo de arte, que no mundo é extremamente apreciado. Eles já foram chamados para grafitar em vários lugares, como em umas torres na Granville Island, no Canadá”, disse Shouz, que também é skatista.






Grafite colore paredes do Parque do Ibirapuera, em São Paulo ─ Foto: Will Assunção/WA

Para o universitário, que é frequentador do parque, os grafites do Ibirapuera, não somente para ele, mas para a maioria dos skatistas, “representam uma forma de expressão que muitas vezes não é entendida pela maior parte da sociedade, já que o grafite ainda carrega um sentido pejorativo e várias pessoas não o reconhecem como arte, o que é horrível”, pontuou.

Shouz acredita que o grafite brasileiro, mais especificamente o de São Paulo, carrega uma grande história de resistência e força. “O grafite, além de dar cor e deixar o ambiente mais animado, representa luta e resistência contra essa marginalização que ele sofre”, finaliza.